Contos e Lendas








Árvore das FadasDiz a lenda que o Senhor, após criar o homem e não tendo nada sólido para construir a Mulher, tomou um punhado de ingredientes delicados e contraditórios, tais como timidez e ousadia, ciúme e ternura, paixão e ódio, paciência e ansiedade,alegria e tristeza e assim fez a Mulher e a entregou ao homem como sua companheira.Após uma semana, o homem voltou e disse:- Senhor, a criatura que você me deu faz a minha vida infeliz.Ela fala sem cessar e me atormenta de tal maneira que nem tenho tempo para descansar. Ela insiste em que lhe dê atenção o dia inteiro...e assim as minhas horas são desperdiçadas. Ela chora por qualquer motivo e fica facilmente emburrada e, às vezes, muito tempo ociosa. Vim devolvê-la porque não posso viver com ela.
Depois de uma semana o homem voltou ao Criador e disse:- Senhor, minha vida é tão vazia desde que eu trouxe aquela criatura de volta! Eu sempre penso nela, em como ela dançava, cantava, como era graciosa, como me olhava, como conversava e comigo e como se achegava a mim. Ela era agradável de se ver e de acariciar. Eu gostava de ouvi-la rir.
Por favor, me dê ela devolta.- Está bem, disse o Criador. E a devolveu.Mas, três dias depois, o homem voltou e disse:- Senhor, eu não sei. Eu não consigo explicar mas, depois de toda esta minha experiência com esta criatura, cheguei à conclusão que ela me causa mais problemas do que prazer.Peço-lhe, tomá-la de novo! Não consigo viver com ela!O Criador respondeu:- Mas também não sabe viver sem ela. E virou as costas para o homem e continuou seu trabalho.O homem desesperado disse:Como é que eu vou fazer? Não consigo viver com ela e não consigo viver sem ela.E arremata o Criador:- Achei que, com as tentativas, você já tivesse descoberto.
Amor é um sentimento a ser aprendido.
É tensão e satisfação.
É desejo e hostilidade.
É alegria e dor.
Um não existe sem o outro.
A felicidade é apenas uma parte integrante do amor.
Isto é o que deve ser aprendido.
O sofrimento também pertence ao amor.
Este é o grande mistério do amor.sua própria beleza e o seu próprio fardo. Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício ao lado da satisfação e da alegria. A pessoa terá sempre que abdicar de alguma coisa para possuir ou ganhar uma outra coisa. Terá que desembolsar algo para obter um bem maior e melhor para sua felicidade. É como plantar uma árvore frente a uma janela...Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem.Troca o silêncio pelo gorgeio da passarada ao amanhecer. É preciso considerar tudo isto quando nos dispomos a enfrentar o aprendizado do AMOR.
"(Lenda narrada pelo escritor americano Walter Trobisch,em seu livro "Amor, sentimento a ser aprendido")




 

jardim das rosas

Gulistan ("O Jardim de Rosas") é uma das principais obras da literatura persa.
Escrito em 1259 E.C., é uma das dua obras primas do poeta persa Sadi, considerado um dos melhores poetas persas medieval.
O Gulistan é uma coleção de poemas e histórias, da mesma forma que um jardim de rosas é uma coleção de rosas. É comumente citado como uma fonte de sabedoria. A entrada do Salão das Nações Unidas tem a seguinte inscrição tirada do Gulistan.

Os seres humanos são parte de um todo,
Na criação de uma essência e alma.
Se um membro sofre dor,
Outros membros permanecerão inquietos.
Se você não tiver simpatia pela dor humana,
Você não pode reter o nome de humano.

"O tolo que sabe que é tolo, nisso, pelo menos, é sábio. Mas o tolo que
pensa que é sábio, esse é realmente um tolo."

O sábio Saadi, nascido em Xiraz, caminhava por uma rua com seu discípulo, quando
viu um homem tentando fazer com que sua mula andasse.

Como o animal recusava-se a sair do lugar, o homem começou a insulta-lo
com as piores palavras que conhecia.

Então o sábio aproximou-se dele e calmamente falou:
- Não sejas tolo... o asno jamais aprenderá tua linguagem. O melhor será
que te acalmes, e aprendas a linguagem dele.

O homem não lhe deu ouvidos e continuou xingando o animal; o sábio
afastando-se, comentou com o discípulo:
- Antes de entrar numa briga com um asno, pensa bem na cena que
acabaste de ver.

Não é sábio discutirmos com alguém que ainda não esteja preparado para
as coisas simples da vida, como por exemplo compreender o grande amor
de Deus em todas as criaturas... é preciso saber calar para deixar um tolo
falar!!!

Trecho do poema "Jardim das rosas" , escrito no século XIII.





As Duas Jóias



Narra antiga lenda árabe, que um rabino, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família, esposa admirável e dois filhos queridos.

Certa vez, por imperativos da religião, o rabino empreendeu longa viagem, ausentando-se do lar por vários dias.

No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.

A mãe sentiu o coração dilacerado de dor.

No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.

Mas uma preocupação lhe vinha a mente: como dar ao esposo a triste notícia ?

Sabendo que ele tinha o coração fraco, temia que não suportasse tamanha comoção.

Lembrou-se de fazer uma prece.

Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.

Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar.

Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...

Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.

Alguns minutos depois estavam ambos sentados a mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.

A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido:

- Deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.

O marido, já um pouco preocupado perguntou:

- O que aconteceu ? Notei você abatida ! Fale e resolveremos isso juntos, com a ajuda de Deus.

- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas. Jamais vi algo tão belo e o problema é esse. Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas.
O que você me diz ?

- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento. Você nunca cultivou vaidades. Por que isso agora ?

- É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!

- Podem até ser, mas não lhe pertencem. Terá que devolvê-las.

- Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!

E o rabino respondeu com firmeza: Ninguém perde o que não possui.
Retê-las equivaleria a roubo.

- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.

- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido.
Na verdade isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos.

- Deus os confiou a nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los.
Eles se foram...

O rabino compreendeu a mensagem.
Abraçou a esposa, e juntos derramaram muitas lágrimas.
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Flor de Lótus


Do livro-Lendas do Celeste Império-Chiang Sing:
Tudo começou porque o imperador Wu Ti, da Dinastia Han,
que não conhecia a geografia dos outros países, ou mesmo da
própria China, mandou que seu ministro de relações exteriores
viajasse por todo o Celeste Império, até encontrar o berço do
Rio Amarelo.
E foi assim que o ministro Chang Ch’ien embarcou num
veleiro de sândalo e velas de seda, e saiu viajando de norte a sul,
procurando satisfazer a curiosidade do seu soberano.
E o ministro viajou durante quinze anos. Visitou muitos países,
e trouxe inúmeras preciosidades que ninguém conhecia na
China. Nestas andanças foi capturado pelos hunos, uma tribo
bárbara que vivia no norte da China, e somente três anos depois
conseguiu fugir da prisão.
Com a ajuda dos deuses, conseguiu outro barco, não tão
bonito como o outro, mas sólido e firme. Os camponeses, que
reconheceram nele o enviado do rei, encheram-lhe o barco de
arroz, de soja e frutas secas. E o ministro Chang continuou viajando,
sem contudo encontrar a nascente do Rio Amarelo.
Finalmente ele decidiu que a única coisa a fazer era viajar
rumo ao noroeste. E foi subindo o rio, foi subindo, sem nada encontrar.
Era um rio longo que banhava toda a China. E durante
muitos meses o ministro Chang velejou, cumprindo as ordens
do seu rei, enquanto meditava nas quatro nobres Verdades.
O tempo rolou como o torno de um oleiro. E o Ministro
pensava na sua solidão:
“Sem algum tipo de amor, o homem murcha como uma uva
numa videira seca”.
Mas ele acreditava na união do ser humano com o Grande
Todo, e esperava pacientemente encontrar a nascente do Rio
Amarelo.
Enquanto viajava, o Ministro continuava imerso nas suas
meditações. Era uma mente brilhante, alcançando as últimas
fronteiras do pensamento.
Certa noite, ancorou o barco na beira do rio e adormeceu.
Foi então que começou uma grande tempestade. Seu barco foi
sacudido violentamente
pelos ventos, e o Ministro Chang ficou
sem saber o que fazer.
— Cada um de nós é um instante do Eterno — murmurou
ele — e se eu tiver que morrer agora, que os deuses me estendam
suas mãos benditas e me levem ao Mosteiro da Radiosa
Harmonia, muito além das grandes nuvens...
E foi então que os ventos diminuíram e a tempestade passou
completamente.
Era a sétima noite do sétimo mês do ano da Serpente de
Fogo.
E ele pensou, “estas datas chinesas, intocadas pelo tempo,
hão de permanecer, mesmo depois que se acabem todas as dinastias.
Simplesmente porque elas são plenas de infinitude”...
A noite acabou e veio um sol luminoso como um gongo de
ouro, iluminando tudo. O Ministro Chang, era um homem forte,
esguio como um bambu novo; tinha desperdiçado quarenta primaveras,
mas no íntimo sentia-se muito jovem. Naquela manhã
radiosa, ele esticou-se todo num gostoso espreguiçar. Depois,
lentamente, começou a fazer em si mesmo a antiga massagem
chinesa chamada Tui Na. Amarrou o barco numa árvore perto
da margem do rio. Abriu a arca de sândalo que continha suas
roupas e trocou a túnica de seda vermelha, toda molhada, por
um confortável conjunto de algodão azul que comprara de um
camponês na aldeia da Andorinha Migrante.
Estava calçando os sapatos de lã com sola de couro de búfalo,
quando ouviu uma doce voz feminina que em algum lugar
ali perto cantava:
Nasci antes que nenhuma forma
corpórea se manifestasse.
Do seio das nebulosas
vi brotar a criação multiforme.
Pensei formas que foram depois
humanizadas.
Quando no início dos tempos
os deuses destruíram a ponte
do arco-íris por onde os
Filhos dos Imortais desciam
em busca das filhas dos homens,
contemplei as estrelas caírem
como chuva, sobre este planeta
obscuro...
Sou mais velha que o Tempo e
mais jovem que as alvoradas.
Respiro o hálito de todos os mundos
e sinto-me eterna como o Grande Ser,
                                                                      
porque dele sou a
emanação suprema!
— É uma canção cósmica! — murmurou o Ministro, admirado.
— Quem será que está cantando assim?
Levantou-se e foi andando pelas margens do rio. Viu pessegueiros
floridos muito bonitos. Não viu nenhum animal, exceto
um grande número de andorinhas, que voavam pouco acima das
águas do rio. Afinal, no alto de uma colina, Chang viu um jovem
pastor, apoiado num cajado de sete nós. Perto dele, pastando
tranqüilamente, estava um bando de búfalos. O jovem pastor
parecia alheio a tudo e olhava em direção das Cinco Montanhas
Sagradas.
Chang olhou também e viu uma mulher vestida com uma
resplandecente túnica rosada. Diante dela havia um tear onde
ela tecia fios de seda colorida.
O Ministro voltou para o barco, atravessou o rio e foi andando
em direção à mulher. À medida que se aproximava, viu
que ela era muito jovem. Tinha um corpo elegante como um talo
de um lótus e um rosto meigo e delicado, de pele fina e branca
como a flor da amendoeira.
Ela parecia indiferente a tudo. Enquanto fiava, com seus
dedos ágeis e finos como brotos de bambu esculpidos no marfim,
ela cantou brevemente com voz doce e calma:
Tristeza minha luminosa e cálida,
tristeza minha, neste dia quieto,
cinturado de névoa e de pranto.
Façamos versos já que tu vieste
com esta doçura de cantar chorando.
E nesta alta solidão delgada,
vê como ferve o mel da primavera
naquele velho caldeirão dos astros.
Tenho os olhos inchados de esperança,
para chorar um grande amor distante,
tristeza minha luminosa e cálida,
doce visitante desta hora plena,
inquieta amiga dos meus jovens anos,
quem te chamou aqui no meu refúgio?
Por que voltas agora, em minha vida,
como uma pomba de cristal sem rumo?
Tristeza minha luminosa e cálida,
tristeza minha neste dia quieto...
O Ministro Chang não conseguiu controlar seu entusiasmo!
— Conheço todas as Casas de Chá de muitas cidades chinesas,
mas não existe lá cantora nenhuma que cante como você!
A jovem o examinou, e ficou satisfeita com a agradável
aparência do Ministro Chang.
— Qual é a sua idade e o que veio fazer aqui?
— Desperdicei quarenta anos da minha vida — disse
Chang — e estou aqui em busca das nascentes do Rio Amarelo,
a mando do Imperador Wu Ti. E quantas são as suas próprias
primaveras?
— Tenho quinze anos — falou a jovem. E meu nome é Flor
de Lótus.
Ele inclinou-se profundamente numa respeitosa saudação,
e ela respondeu: “Wan Pu”, Dez Mil Felicidades.
Podia dizer-me onde estou, e onde posso encontrar a próxima
cidade? Perdi meu caminho por causa da tempestade.
Ela sorriu e respondeu:
— Se eu lhe dissesse o senhor não acreditaria, mas não
posso dizer-
lhe. Mas leve esta minha lançadeira, e volte pelo
mesmo caminho de onde veio. Os senhores do vento vão ajudá-lo
a chegar à capital da China. Quando chegar no palácio do rei,
mostre esta minha lançadeira ao astrônomo da corte. Ele é um
sábio que conhece o segredo das estrelas. Conte-
lhe exatamente
o dia e a hora em que recebeu este meu presente, e talvez ele
possa lhe explicar quem sou eu...
Muito admirado, o Ministro Chang agradeceu e fez o que
ela disse. Navegou rio abaixo, com os ventos enfunando as velas
e conduzindo o barco na direção de Pequim, muito mais depressa
do que ele esperava. Assim que chegou no palácio da Cidade
Proibida, mesmo antes de procurar o rei, foi até a Torre de Jade,
onde morava o astrônomo da corte.
Contou-lhe tudo e mostrou-lhe a lançadeira de ouro. O velho
astrônomo Lang Su, gritou excitado:
— Ah! Vossa honorável pessoa foi aquela estrela errante
que eu observei no céu, no sétimo dia do sétimo mês!
— Estrela errante? — perguntou Chang Ch’ien admirado.
Como posso eu ser uma estrela?
— Eu lhe contarei toda a história — respondeu o astrônomo
emocionado. — Alguns anos atrás, a Celeste Fiandeira, que
é a filha mais nova do Imperador do Céu, apaixonou-se por um
jovem pastor de búfalos, e era tanto o amor que sentiam um pelo
outro, que o Imperador do Céu deixou que eles se casassem.
Eles ficaram muito felizes. Mas tão felizes que esqueceram
seus deveres; o pastor deixou que os búfalos se perdessem e
a formosa Celeste Fiandeira esqueceu de tecer as maravilhosas
roupas dos deuses. O Imperador do Céu ficou tão zangado
quando soube disso, que separou os dois apaixonados. Colocou
o pastor no outro lado da Via Láctea, o grande rio que corre
pelo meio do céu. E desde então os dois esposos podiam se ver
através
do rio, mas não podiam se encontrar nunca. Exceto na
sétima noite do sétimo mês. Somente nesta noite o rei permitia
que os dois se amassem no jogo da lua e dos ventos.
— Mas como eles podem se encontrar com aquele grosso
rio entre eles? — indagou Chang Ch’ien.
— Nesta noite mágica, todas as andorinhas da China voam
para o céu, em direção do rio da Via Láctea. E com suas asas delicadas
formam uma ponte por cima do rio. Através desta ponte
alada, a jovem Flor de Lótus, a Celeste Fiandeira, vai encontrar
seu marido. É por causa disso que ninguém vê nenhuma andorinha
na terra, na sétima noite do sétimo mês.
— É verdade — concordou o Ministro, pensativo.
— Este ano, na sétima noite do sétimo mês — continuou o
recados para facebookastrônomo — eu estava no Terraço da Lua contemplando o céu
com minhas lentes de cristal radiosas, para observar o encontro
do pastor e da Celeste Fiandeira, quando apareceu entre as duas
estrelas, que nós, aqui na terra, chamamos de Vega e Altair, uma
outra estrela, pequenina e brilhante. Pelo que vossa nobre e honorável
pessoa me disse, o senhor deve ter sido aquela estrela.
— Mas, se assim foi — retrucou Chang Ch’ien — então eu
estava navegando o rio da Via Láctea, e o Rio Amarelo nasce
neste rio do céu!
— Sim. — respondeu o astrônomo — Muitos sábios sempre
acreditaram que a Via Láctea flui do céu para a terra e se
transforma no Rio Amarelo, o nosso querido rio Yang Tsé. No
céu ele é claro e brilhante; na terra ele é amarelo, por causa da
terra amarela da China. Mas é o mesmo rio.
O Ministro saiu do Terraço da Lua e foi à procura do Im
perador Wu Ti, na Sala das Audiências Cristalinas. Contou ao
soberano toda a sua aventura e deu-lhe de presente a lançadeira
de ouro, como prova de que sua história era verdadeira.
O Imperador ficou maravilhado.
— Até que enfim — exclamou — encontramos a nascente
do Rio Amarelo! E agora sabemos que é impossível viajar através
dele, da Terra até o Céu.
E o Ministro, que era um filósofo, retrucou:
— Sim, Majestade. Na vida nada existe de fantástico. Tudo
o que adquire um caráter prodigioso descansa sobre uma base
concreta e perfeitamente determinada. É maravilhoso pensar
neste amor imortal de Flor de Lótus e do pastor de búfalos,
porque o amor é a mais bela fragilidade da mente... — concluiu
soltando um longo suspiro.
Do livro-Lendas do Celeste Império-Chiang Sing:
O Samurai e o Guerreiro


Perto de Tóquio vivia um grande mestre Samurai, já idoso, que se dedicava a ensinar os jovens. Corria a lenda que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde um guerreiro conhecido por total falta de escrúpulos apareceu. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para perceber os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante.

Esse jovem jamais perdera uma luta. E conhecendo a reputação do Samurai, estava ali para o derrotar e aumentar a sua fama.

Apesar de muitos serem contra, o velho mestre aceitou o desafio e foi para a praça da cidade, onde o jovem começou a insultá-lo. Chutou algumas pedras em sua direção, gritou insultos e falou inverdades, ofendendo inclusive seus ancestrais.

Durante horas, fez tudo para provocá-lo, mais o mestre permaneceu impassível. No final da tarde, já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se desapontado pelo fato de o mestre aceitar tantos insultos e provocações.

- Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou a espada?

- Perguntaram os discípulos.

-Se alguém chega até você com um presente e você não o aceita, a quem pertence o presente? – Perguntou o Samurai.


-A quem tentou entregá-lo, responderam os discípulos.

-O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos - disse o mestre. Quando não aceitamos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.


( Conto oriental milenar )

Autor: Desconhecido

 

O gracejo de um sábio em relação a um palácio

Um rei construiu um palácio que lhe custou cem mil dinares. 
Adornado por fora de torres e cúpulas douradas, 
era por dentro um paraíso, gracas aos móveis e tapetes.
Concluída a construção, o rei convidou homens 
de todos os países para visitá-lo. 
Os convidados chegaram carregados de presentes,
e o rei os fez sentarem-se ao seu lado. 
Em seguida rogou-lhes: 
"Dizei o que achais do meu palácio. 
Esqueceu-se, acaso, 
de alguma coisa cuja falta lhe desfigua a beleza?" 
Todos protestaram que nunca existira na terra 
um palácio igual e que nunca se veria outro semelhante.
Isto é, todos menos um, 
um sábio, 
que se levantou e disse...  

"Existe senhor, uma pequena rachadura 
que, para mim, constitui um defeito. 
Não fora esse defeito 
e o próprio paraíso vos traria presentes do mundo invisível."
"Não vejo defeito nenhum", 
volveu o rei, colérico. 
"És um ignorante e só queres fazer-te importante."
"Não, orgulhoso rei", revidou o sábio,
"A fresta a que me refiro é a mesma 
pela qual passará Azrael, o anjo da morte. 
Prouvera a Deus que pudésseis fechá-la, 
pois, do contrário, para que prestam o teu palácio magnífico,
a tua coroa e teu trono? 
Quando a morte chegar, 
eles não passarão de um punhado de pó. 
Nada subsiste, 
e é isso que estraga a beleza da vossa morada. 
Nenhuma arte poderá tornar estável o instável. 
Ah! Não deposites vossas esperanças num palácio! 
Não deixeis caracolar o corcel do vosso orgulho. 
Se ninguém se atreve a falar com franqueza ao rei 
e lembrar-lhe suas faltas, 
isso é uma grande infelicidade." 

(Farid Ud-Din Attar




O Sábio e o Pássaro


Conta-se que certa vez, um homem muito maldoso resolveu pregar uma peça em um mestre, famoso por sua sabedoria.

Preparou uma armadilha infalível, como somente os maus podem conceber.

Tomou de um pássaro e o segurou nas mãos, imaginando que iria até o idoso e experiente mestre, formulando-lhe a seguinte pergunta: "mestre, o passarinho que trago nas mãos está vivo ou morto?"

Naturalmente, se o mestre respondesse que estava vivo, ele o esmagaria em sua mão, mostrando o pequeno cadáver. Se a resposta fosse que o pássaro estava morto, ele abriria as mãos, libertando-o e permitindo que voasse, ganhando as alturas.

Qualquer que fosse a resposta, ele incorreria em erro aos olhos de todos que assistissem a cena.

Assim pensou. Assim fez.

Quando vários discípulos se encontravam ao redor do venerando senhor, ele se aproximou e formulou a pergunta fatal.

O sábio olhou profundamente o homem em seus olhos. Parecia desejar examinar o mais escondido de sua alma, depois respondeu, calmo e seguro: "o destino desse pássaro, meu filho, está em suas mãos."

A história pode nos sugerir vários aspectos. Podemos analisar a maldade humana, que não vacila em esmagar inocentes para alcançar os seus objetivos.

Podemos meditar na excelência da sabedoria, que se sobrepõe a qualquer ardil dos desonestos. Mas podemos sobretudo falar a respeito da destinação humana, ainda tão mal compreendida.

Normalmente, tudo se atribui a Deus, à Sua vontade: as doenças, a miséria, a ignorância, a desgraça...

Ora, se Deus é de infinito amor e bondade, conforme nos revelou Jesus, como conceber que Ele seja o promotor do infortúnio?

A vida nos é dada por Deus mas a qualidade de vida é fruto das ações humanas.

Se o mal impera, é porque os bons se omitem, de forma tímida, permitindo o avanço acintoso daquele.

A mão que liberta o homem da desgraça é a do seu semelhante, o mais próximo que se lhe situe.

Assim, o destino de nossa sociedade é o somatório de nossas ações.

Filhos de Deus, criados à Sua imagem e semelhança, exercitemos a vontade, moldando nossa destinação gloriosa, bem como influenciemos positivamente as vidas dos que nos cercam.

Você sabia?

Que é nosso dever fazer algo de bom pelo semelhante?

Que para uma sociedade sadia é indispensável a solidariedade?

E que solidariedade significa prestar ao semelhante todo o cuidado que gostaríamos de receber dele, caso fôssemos nós os necessitados?


Equipe de Redação do Momento Reformador - 03/98 - O Sábio e o Pássaro.


AMIZADE
Um homem, seu cavalo e seu cão, caminhavam por uma estrada.
Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido num acidente.
Às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição...
A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede.
Precisavam desesperadamente de água.
Numa curva do caminho, avistaram um portão magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina.
O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, guardava a entrada.
- Bom dia, ele disse.
- Bom dia, respondeu o homem.
- Que lugar é este, tão lindo ele perguntou.
- Isto aqui é o céu, foi a resposta.
- Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede, disse o homem.
- O senhor pode entrar e beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
- Lamento muito, disse o guarda.
- Aqui não se permite a entrada de animais.
O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande.
Mas ele não beberia deixando seus amigos com sede.
Assim, prosseguiu seu caminho.
Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha semi aberta.
A porteira se abria para um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra.
À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava dormindo.
- Bom dia, disse o caminhante.
- Bom dia, disse o homem.
- Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro.
- Há uma fonte naquelas pedras, disse o homem e indicando o lugar. Podem beber a vontade.
O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede.
- Muito obrigado, ele disse ao sair.
- Voltem quando quiserem, respondeu o homem.
- A propósito, disse o caminhante, qual é o nome deste lugar?
- Céu, respondeu o homem.
- Céu ? Mas o homem na guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
- Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno. O caminhante ficou perplexo.
- Mas então, disse ele, essa informação falsa deve causar grandes confusões.
- De forma alguma, respondeu o homem. Na verdade, eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar seus melhores amigos..

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Árvore dos Problemas 

  Esta é uma história de um homem que contratou
um carpinteiro para ajudar a arrumar
algumas coisas na sua fazenda.

O primeiro dia do carpinteiro
foi bem difícil.

O pneu do seu carro furou.

A serra elétrica quebrou.

Cortou o dedo.

E ao final do dia,
o seu carro não funcionou.

O homem que contratou o carpinteiro
ofereceu uma carona para casa.

Durante o caminho,
o carpinteiro não falou nada.

Quando chegaram a sua casa,
o carpinteiro
convidou o homem para entrar
  e conhecer a sua família.

Quando os dois homens estavam se encaminhando para a porta da frente,
o carpinteiro parou
junto a uma pequena árvore
e gentilmente tocou
as pontas dos galhos com as duas mãos.

Depois de abrir a porta da sua casa,
o carpinteiro transformou-se.

  Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso,
  e ele abraçou os seus filhos 
e beijou a sua esposa.

Um pouco mais tarde,
o carpinteiro acompanhou
a sua visita até o carro.

Assim que eles passaram pela árvore,
o homem perguntou:

- Porque você tocou na planta
antes de entrar em casa ?

- Ah! esta é a minha

Árvore dos Problemas


- Eu sei que não posso evitar ter problemas
no meu trabalho,
mas estes problemas não devem
chegar até os meus filhos e minha esposa.

- Então, toda noite,
eu deixo os meus problemas
nesta Árvore quando chego em casa,
e os pego no dia seguinte.

- E você quer saber de uma coisa

- Toda manhã, quando eu volto
para buscar os meus problemas,
eles não são nem metade
do que eu me lembro
de ter deixado na noite anterior.





                                                     A Beleza e a feiúra

Um dia, a Beleza e a Feiura encontraram-se numa praia. E disseram uma à outra:

- Banhemo-nos no mar.



Então, tiraram as roupas e puseram-se a nadar nas águas. Após algum tempo, a Feiura voltou à praia, vestiu-se com os trajes da Beleza, e foi-se embora.



E a Beleza também voltou do mar, mas não encontrou suas roupas. Por vergonha de ficar nua, vestiu a roupa da Feiura e seguiu seu caminho.

Desde esse dia, alguns homens e mulheres enganam-se, tomando uma pela outra.

Contudo, alguns tinham visto o rosto da Beleza e a reconhecem,
apesar de suas vestes.

E alguns conhecem a face da Feiura  mas as roupas da beleza não a ocultam a seus olhos..
                           




                    A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO

"No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul- turquesa.

Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita.

Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça.

Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos.

Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.

O peixinho vermelho que nadasse e sofresse.

Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.

Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.

Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros.

Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro.

À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:

- "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"

Optou pela mudança.

Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima.

Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de esperança...

Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos.

Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo.

Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a agilidade naturais.

Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.

De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária.

Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas.

O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações.

Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz.

Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude, continuariam a correr para o oceano.

O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles.

Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações?

Não hesitou.

Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta.

Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.

Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia.

Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lótus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis.

Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.

Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse.

O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas dos oceanos e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jornada.

Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.

Ninguém acreditou nele.

Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram solenes, que o peixinho vermelho delirava que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas histórias de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente.

O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou borbulhante:

- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! não nos perturbe o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa!..."

Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.

Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca.

“As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama..."


André Luiz

Do livro Libertação, de Francisco Cândido Xavier

OS SÓSIAS DO REI: 
Conta-se que Al-Motassim, califa de Bagdá, chamou um dia, o seu prefeito e disse-lhe:
- É verdade, ó prefeito, que vivem nesta cidade e já foram vistos pelos meus amigos, homens extremamente parecidos comigo? 
Respondeu o prefeito: 
- É verdade, sim, ó Emir dos Crentes! Conheço dois muçulmanos que são como retratos vivos de Vossa Majestade. Um deles exerce a profissão de pasteleiro e outro é fabricante de tapetes. É possível, porém que existam outros sósias de Vossa Majestade sob o céu desta gloriosa Bagdá. 
- Pois faço grande empenho em conhecer os meus sósias – declarou o rei. – Convida-os a uma reunião em palácio, pois a todos darei, sem exceção, ricos presentes. 
Aquela ordem do monarca foi atendida com a maior solicitude e presteza. O prefeito fez anunciar pelos pátios das mesquitas, bazares e pelos recantos longínquos da grande cidade que todos os homens que se julgassem parecidos com o Califa deveriam comparecer, em dia e hora, certos, ao “divã” das audiências. O poderoso Emir prometia generosas recompensas. 
O caso despertou grande curiosidade. Quantos sósias teria, afinal, o rei? 
No dia marcado, no suntuoso salão das audiências o poderoso monarca, rodeado de seus vizires, cádis e altos funcionários da corte, receberam os pretendentes que eram, aliás, em número de sete! 
Havia, entretanto, uma particularidade que fez sorrir o rei e causou certa impressão de constrangimento aos cortesãos. Dos sete candidatos aos prêmios seis eram parecidíssimos com o monarca: o sétimo, porém, era inteiramente diferente. 
Os sósias foram, um a um, recebidos em audiência e chamados para junto do trono. A cada um deles dirigia o rei palavras de estímulo, de bondade e simpatia. E todos partiam radiantes de alegria com vinte dinares de ouro e um belo turbante de seda. 
Chegou, finalmente, a vez do último – o tal cuja figura em nada se assemelhava à do rei. 
Os vizires e xeiques entreolhavam-se espantados. 
O pretenso “sósia”, num andar tranqüilo e firme, aproximou-se da larga escadaria de mármore cor de rosa que conduzia ao trono. 
- Meu amigo – disse-lhe o bondoso soberano árabe – sei que há enganos sérios na vida e que não raramente o homem é levado a errar, sem querer, nas coisas mais simples e pueris. O teu comparecimento a este concurso só pode ser explicado por um lamentável equívoco de tua parte. Não quero admitir a hipótese de teres sido inspirado pelo desejo audacioso de zombar de mim. Ora, o meu convite era dirigido exclusivamente àqueles que se julgassem parecidos comigo, e pelo que me é dado observar somos inteiramente dessemelhantes. Repara bem, meu amigo. Sou corpulento, alto e forte; és, ao contrário, franzino, baixo e fraco; tenho os olhos negros e a pele morena; os teus olhos são azulados e a tua pele é clara; o meu rosto é emoldurado por uma pujante barba preta e tu és inteiramente imberbe! A única semelhança, ó muçulmano!, que se pode observar entre nós, é sermos ambos homens, isto é, servos de Allah! E, assim, não terás direito ao mesmo prêmio que foi dado aos outros reis. Receberás um prêmio bem menor. Um dinar de prata... e nada mais! 
O homem dos olhos azuis, depois de ouvir, com a maior serenidade, a sentença do califa, inclinou-se respeitosamente e assim falou: 
- Agradeço o vosso dinar, ó Comendador dos Crentes! Mas não posso aceitá-lo. Não tenho direito a recompensa alguma. Fui iludido pelas aparências. Quando aqui compareci julguei, realmente, que éramos muito parecidos... 
- Parecidos! – estranhou o rei com certo movimento de impaciência. – Por Allah! Estavas então, certo de tua parecença comigo?
- Sim, ó Emir dos Crentes! – confirmou com absoluta firmeza, o desconhecido. – Certíssimo! Julgava que havia entre nós grande parecença. Essa parecença, porém, não era física – pois a semelhança física, que acaso exista entre duas criaturas, o tempo facilmente a destrói e aniquila. Certo estava de que éramos unidos por uma profunda semelhança de sentimento e de espírito, isto é, julguei que as nossas almas fossem como duas almas gêmeas. Sou inteligente e estava convencido de que éreis inteligente também. Sou sincero, generoso e simples, e julguei que éreis, do mesmo modo, simples, sincero, generoso. 
- Basta! – interrompeu placidamente o rei. – Se assim pensavas, não houve, asseguro, erro algum de tua parte. Somos, realmente, muito parecidos. É grande a afinidade espiritual que nos aproxima. E posso demonstrar-te facilmente. Sou inteligente, pois compreendi muito bem a profunda lição moral que acabas de me dar; sou generoso, pois receberás de mim uma recompensa vinte vezes maior do que a que esperavas; sou simples e sincero, pois não hesito em reconhecer o meu erro diante de meus amigos e auxiliares. 
Fonte: trechos do livro: SELEÇÕES (Os melhores contos) 
– Editora Conquista.


Era uma vez um homem que foi ao barbeiro. Enquanto tinha seus cabelos
cortados conversava com o barbeiro. Falava da vida e de Deus.
Daí a pouco, o barbeiro incrédulo não agüentou e falou:
__Deixa disso, meu caro, Deus não existe!
__Porquê?
__Ora, se Deus existisse não haveria tantos doentes, mendigos, pobres, etc...Olhe em volta e veja quanta tristeza. É só andar pelas ruas e enxergar!
__Bem, esta é a sua maneira de pensar , não é?
__Sim, Claro!
Pois bem, o freguês pagou o corte e foi saindo, quando avistou imediatamente um maltrapilho imundo, com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Não agüentou, 
deu meia volta e interpelou o barbeiro:
__Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros!
__Como?!
__Sim, se existissem barbeiros, não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas!
__Ora, existem tais pessoas porque evidentemente não vêm a mim!
__Agora você me respondeu porque existe tanta tristeza em torno de nós...
 




Uma senhora muito pobre telefonou para um programa cristão de rádio pedindo ajuda. Um bruxo do mal que ouvia o programa resolveu pregar-lhe uma peça. Conseguiu seu endereço, chamou seus secretários e ordenou que fizessem uma compra e levassem para a mulher, com a seguinte orientação:



- Quando ela perguntar quem mandou, respondam que foi o DIABO!!!!!



Ao chegarem na casa, a mulher os recebeu com alegria e foi logo guardando os alimentos. Os secretários do bruxo, conforme a orientação recebida, lhe perguntaram:


- A senhora não quer saber quem lhe enviou estas coisas?

A mulher, na simplicidade da fé, respondeu:

- Não meu filho, não é preciso.... Quando Deus manda, até o diabo obedece....

Autor Desconhecido



LEONARDO DA VINCI - Pintor, Arquiteto, engenheiro, cientista, músico, fabulista e escultor italiano - 1452-1519.

FÁBULA: A BORBOLETA E A CHAMA:
Uma borboleta multicor estava voando na escuridão da noite quando viu, ao longe, uma luz. Imediatamente voou naquela direção e ao se aproximar da chama pôs-se a rodeá-la, olhando-a maravilhada. Como era bonita! 
Não satisfeita em admirá-la, a borboleta resolveu fazer o mesmo que fazia com as flores perfumadas. Afastou-se e em seguida voou em direção à chama e passou rente a ela.
Viu-se subitamente caída, estonteada pela luz e muito surpresa por verificar que as pontas de suas asas estavam chamuscadas. 
- Que aconteceu comigo? - pensou ela. 
Mas não conseguiu entender. Era impossível crer que uma coisa tão bonita quanto a chama pudesse causar-lhe algum mal. E assim, depois de juntar um pouco de forças, sacudiu as asas e levantou vôo novamente. 
Rodou em círculo e mais uma vez dirigiu-se para a chama, pretendendo pousar sobre ela. E imediatamente caiu, queimada, no óleo que alimentava a brilhante e pequenina chama. 
- Maldita luz - murmurou a borboleta agonizante - pensei que ia encontrar em você a felicidade e em vez disso encontrei a morte. Arrependo-me desse tolo desejo, pois compreendi, tarde demais, para minha infelicidade, o quanto você é perigosa. 
- Pobre borboleta - respondeu a chama - eu não sou o Sol, como você tolamente pensou. Sou apenas uma luz. E aqueles que não conseguem aproximar-se de mim com cautela são queimados. 
Esta fábula é dedicada àqueles que, como a borboleta, são atraídos pelos prazeres mundanos, ignorando a verdade. Então, quando percebem o que perderam, já é tarde demais. Fonte: Livro: Fábulas e Lendas - Leonardo da Vinci - Editora Salamandra.

A PEDRA E O METAL: 
Certo dia o metal começou a bater numa pedra e ela, surpresa e indignada, virou-se e lhe disse: 
- Que é isso? Você deve estar me confundindo com alguém, porque não conheço você. Deixe-me em paz, pois nunca fiz mal a ninguém! 
A essas palavras a pedra conformou-se e suportou com grande paciência os golpes que o metal lhe inflingia. Finalmente, de repente, fez-se uma faísca que acendeu um fogo maravilhoso, com o poder de fazer coisas fantásticas. 
Essa fábula é dedicada àqueles que iniciam seus estudos de má-vontade, apesar dos incentivos para prosseguir. Porém, se forem pacientes e persistentes, obterão resultados magníficos. Fonte: Livro: Fábulas e Lendas - Leonardo da Vinci - Editora Salamandra.





OS SÓSIAS DO REI: 
Conta-se que Al-Motassim, califa de Bagdá, chamou um dia, o seu prefeito e disse-lhe:
- É verdade, ó prefeito, que vivem nesta cidade e já foram vistos pelos meus amigos, homens extremamente parecidos comigo? 
Respondeu o prefeito: 
- É verdade, sim, ó Emir dos Crentes! Conheço dois muçulmanos que são como retratos vivos de Vossa Majestade. Um deles exerce a profissão de pasteleiro e outro é fabricante de tapetes. É possível, porém que existam outros sósias de Vossa Majestade sob o céu desta gloriosa Bagdá. 
- Pois faço grande empenho em conhecer os meus sósias – declarou o rei. – Convida-os a uma reunião em palácio, pois a todos darei, sem exceção, ricos presentes. 
Aquela ordem do monarca foi atendida com a maior solicitude e presteza. O prefeito fez anunciar pelos pátios das mesquitas, bazares e pelos recantos longínquos da grande cidade que todos os homens que se julgassem parecidos com o Califa deveriam comparecer, em dia e hora, certos, ao “divã” das audiências. O poderoso Emir prometia generosas recompensas. 
O caso despertou grande curiosidade. Quantos sósias teria, afinal, o rei? 
No dia marcado, no suntuoso salão das audiências o poderoso monarca, rodeado de seus vizires, cádis e altos funcionários da corte, receberam os pretendentes que eram, aliás, em número de sete! 
Havia, entretanto, uma particularidade que fez sorrir o rei e causou certa impressão de constrangimento aos cortesãos. Dos sete candidatos aos prêmios seis eram parecidíssimos com o monarca: o sétimo, porém, era inteiramente diferente. 
Os sósias foram, um a um, recebidos em audiência e chamados para junto do trono. A cada um deles dirigia o rei palavras de estímulo, de bondade e simpatia. E todos partiam radiantes de alegria com vinte dinares de ouro e um belo turbante de seda. 
Chegou, finalmente, a vez do último – o tal cuja figura em nada se assemelhava à do rei. 
Os vizires e xeiques entreolhavam-se espantados. 
O pretenso “sósia”, num andar tranqüilo e firme, aproximou-se da larga escadaria de mármore cor de rosa que conduzia ao trono. 
- Meu amigo – disse-lhe o bondoso soberano árabe – sei que há enganos sérios na vida e que não raramente o homem é levado a errar, sem querer, nas coisas mais simples e pueris. O teu comparecimento a este concurso só pode ser explicado por um lamentável equívoco de tua parte. Não quero admitir a hipótese de teres sido inspirado pelo desejo audacioso de zombar de mim. Ora, o meu convite era dirigido exclusivamente àqueles que se julgassem parecidos comigo, e pelo que me é dado observar somos inteiramente dessemelhantes. Repara bem, meu amigo. Sou corpulento, alto e forte; és, ao contrário, franzino, baixo e fraco; tenho os olhos negros e a pele morena; os teus olhos são azulados e a tua pele é clara; o meu rosto é emoldurado por uma pujante barba preta e tu és inteiramente imberbe! A única semelhança, ó muçulmano!, que se pode observar entre nós, é sermos ambos homens, isto é, servos de Allah! E, assim, não terás direito ao mesmo prêmio que foi dado aos outros reis. Receberás um prêmio bem menor. Um dinar de prata... e nada mais! 
O homem dos olhos azuis, depois de ouvir, com a maior serenidade, a sentença do califa, inclinou-se respeitosamente e assim falou: 
- Agradeço o vosso dinar, ó Comendador dos Crentes! Mas não posso aceitá-lo. Não tenho direito a recompensa alguma. Fui iludido pelas aparências. Quando aqui compareci julguei, realmente, que éramos muito parecidos... 
- Parecidos! – estranhou o rei com certo movimento de impaciência. – Por Allah! Estavas então, certo de tua parecença comigo?
- Sim, ó Emir dos Crentes! – confirmou com absoluta firmeza, o desconhecido. – Certíssimo! Julgava que havia entre nós grande parecença. Essa parecença, porém, não era física – pois a semelhança física, que acaso exista entre duas criaturas, o tempo facilmente a destrói e aniquila. Certo estava de que éramos unidos por uma profunda semelhança de sentimento e de espírito, isto é, julguei que as nossas almas fossem como duas almas gêmeas. Sou inteligente e estava convencido de que éreis inteligente também. Sou sincero, generoso e simples, e julguei que éreis, do mesmo modo, simples, sincero, generoso. 
- Basta! – interrompeu placidamente o rei. – Se assim pensavas, não houve, asseguro, erro algum de tua parte. Somos, realmente, muito parecidos. É grande a afinidade espiritual que nos aproxima. E posso demonstrar-te facilmente. Sou inteligente, pois compreendi muito bem a profunda lição moral que acabas de me dar; sou generoso, pois receberás de mim uma recompensa vinte vezes maior do que a que esperavas; sou simples e sincero, pois não hesito em reconhecer o meu erro diante de meus amigos e auxiliares. 
Fonte: trechos do livro: SELEÇÕES (Os melhores contos) 
– Editora Conquista.




A Fábula do Porco-espinho. 

Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. 
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor. 
Por isso decidiram se afastar uns dos outros e começaram de novo a morrer congelados.
Então precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. 
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. 
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro. E assim sobreviveram. 

Moral da História 

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro, e admirar suas qualidades

      ALIMENTANDO O AMOR
      DESCONHECO O AUTOR 
       
      Uma amiga, balconista da seção de cosméticos de uma grande loja de departamentos me conta que um dia notou um rapaz a observar umas caixas de sabonetes expostas e ela se ofereceu para ajudá-lo. 
       
      Ele aceitou a ajuda dizendo que desejava comprar uns sabonetes finos para presentear a esposa. 
       
      Por fim, ele escolheu uma caixa bem vistosa e pediu para que ela fizesse um embrulho bem bonito. 
       
      Uma semana depois, a balconista notou que o mesmo rapaz estava em outra seção da loja olhando artigos para senhoras. Curiosa, dirigiu-se a ele e lhe perguntou se a sua esposa havia gostado dos sabonetes que ele comprara outro dia. 
       
      - Bem, ela ainda não os achou.
       
      Foi essa a resposta seguida de uma explicação e de um sorriso.
       
      - Veja senhorita:  Eu tenho um plano... Sempre escondo algo para que minha mulher encontre sem esperar... 
       
      Creio que ela encontrará os sabonetes na próxima semana, quando for limpar a despensa... É uma surpresa para quebrar a monotonia do serviço caseiro... concluiu o jovem esposo. 
       
       
      ***
       
      Não há dúvidas de que são cuidados e atenções desse tipo que alimentam a chama do amor e do afeto verdadeiro. 
       
      Não são necessários grandes feitos para cultivar a ternura, mas é preciso que sejam constantes e que o respeito seja parte integrante do relacionamento. 
       
      Um mimo inesperado, uma palavra de incentivo, uma flor singela, um bilhete, um beijo no espelho, um abraço, um gesto de carinho, dentre outras ações são ingredientes seguros para a manutenção de qualquer relação. 
       
      E o que é melhor: Não têm contra-indicação. 
       
      Quando somos surpreendidos por um presentinho, uma flor, um bilhetinho, um perfume, um gesto de carinho, um e-mail, um telefonema, temos a nítida impressão de que estamos sempre sendo lembrados pela pessoa que nos preparou tais surpresas, inesperadamente esperadas.
       
      Mas o aspecto mais importante da surpresa é que ela não será somente de quem for seu alvo.
       
      A surpresa será também de quem pretende surpreender, pois ele está atento, vigilante, pensando "direto", muito ansioso até a descoberta, imaginando, às vezes por dias, semanas, de como vai ser a reação da pessoa para quem ele preparou essa surpresa tão programada.
       
      Ah! Como o surpreendedor espera por esse momento, pois a reação por ele esperada e obtida é como um troféu para o seu plano quando bem sucedido.
       
      Não vamos falar de surpresas mal sucedidas, de gente que não sabe surpreender e que quando resolve surpreender alguém, faz sem planejamento, sem o menor cuidado. 
       
      Toda surpresa, para ser surpresa na melhor definição da palavra e do ato, tem que ser algo novo, algo desconhecido até para quem a idealiza e por isso, requer cuidados especiais, muito planejamento. Requer, às vezes, conhecer muito a pessoa que vamos, que pretendemos surpreender. 
       
      Surpreender positivamente significa cometermos atos jamais esperados por alguém.
       
      Surpreender com atitudes boas é um ato de amor, de carinho, de amizade!
       
      E por falar em surpresas: 
       
      - Você já se surpreendeu hoje? 
       
      Seu marido, sua esposa, sua namorada, seu filho, seu vizinho, seu amigo, seu ou sua colega de trabalho, qualquer pessoa, alguém que você cativou ou te cativou um dia? 
       
      Lembremos-nos sempre: 
       
      "Somos responsáveis por quem cativamos." 




    O guerreiro muçulmano e o cruzado cristão 


    Um muçulmano e um cristão estavam lutando quando chegou o momento, para o

    muçulmano, de fazer suas orações, de sorte que ele, orgulhoso, pediu ao cristão que lhe

    concedesse uma trégua. O cruzado concordou, e o muçulmano, afastando-se, fez suas

    orações. Quando voltou, reiniciou-se o combate com. renovado vigor. Pouco depois, por seu
    turno, o cruzado solicitou uma pausa para poder dizer as suas preces. Sendo-lhe atendido o
    pedido, ele também se afastou e, escolhendo um local apropriado, prosternou-se no pó
    diante do seu ídolo. Quando o muçulmano viu o adversário de cabeça baixa, disse a sós
    consigo: “Esta é a minha oportunidade de lograr a vitória”, e veio-lhe a idéia de golpeá-lo à
    traição. Mas uma voz interior recriminou-o: “Ó homem desleal, que pretendes trair o teu
    compromisso, é assim que manténs a tua palavra? O descrente não sacou da espada contra ti
    quando lhe pediste uma trégua. Não te lembras das palavras do Corão: ‘Cumpre fielmente
    tuas promessas’? Visto que um infiel foi generoso contigo, não te mostres inferior a ele. Ele
    agiu bem, queres agir mal. Faze-lhe o que ele te fez. Serás tu, muçulmano, indigno de
    confiança?” Conteve-se o muçulmano. Torturado pelo remorso, viu-se banhado em lágrimas
    da cabeça aos pés. Quando o cruzado deu tento do seu pranto, perguntou-lhe a razão dele.
    “Uma voz celestial”, explicou o muçulmano, “censurou-me por não ter sido leal
    contigo. Vês-me neste estado porque fui vencido pela tua generosidade.”
    Ouvindo-o, o cristão despediu um grande grito e disse:
    “Já que Deus pode mostrar-se favorável a mim, seu inimigo declarado, e censurar seu
    amigo por deslealdade, como poderei persistir na infidelidade? Expõe-me os princípios do
    Islam para que eu possa abraçar a verdadeira fé e, lançando de mim o politeísmo, adotar os
    teus preceitos.

    Jesus e o cântaro de água 

    Jesus bebeu da água de um límpido regato, cujo gosto era mais agradável que o do 

    orvalho da rosa. Um dos seus companheiros encheu um cântaro com a mesma água, e eles 

    se puseram de novo a caminho. Mais adiante, sentindo sede, Jesus tomou um gole da água 

    do cântaro, mas ela lhe soube mal; detendo-se, espantado, rezou: 

    “Ó Deus, a água do regato e a água do cântaro são a mesma. Dizei-me por que uma é 

    mais doce do que o mel e a outra é tão amarga”. 

    Falando, então, disse o cântaro a Jesus: 

    “Estou muito velho e já fui modelado mais de mil vezes debaixo do firmamento das 

    nove cúpulas — às vezes como vaso, às vezes como cântaro, às vezes como jarro. Fosse 

    qual fosse a forma que assumia, eu sempre tinha comigo o travo da morte. Sou feito de 

    modo que a água que carrego compartilha sempre desse amargor”. 

    Ó homem imprudente! Procura entender o sentido do cântaro. Forceja por desvendar 

    o mistério antes que a vida te seja arrebatada. Se, enquanto vivo, não lograres encontrar-te, 

    conhecer-te, como compreenderás o segredo da tua existência ao morrer? Participas da vida 

    do homem e, no entanto, não passas de um pseudo-homem. 


    Sócrates e seus discípulos 


    Quando Sócrates se achava prestes a morrer, disse-lhe um dos discípulos: 


    “Mestre, depois que vos tivermos lavado e amortalhado, onde desejais ser 


    enterrado?’ 


    Sócrates respondeu: 

    “Se me encontrares, querido discípulo, enterra-me onde quiseres, e boa noite! Se em 

    minha longa vida não consegui encontrar-me, como me encontrareis depois que eu estiver 

    morto? Vivi de tal maneira que, neste momento, só sei que o menor dos fios de cabelo do 

    conhecimento de mim mesmo não é evidente”. 


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