Mahatma Gandhi


                                    
                                     O amor é a força mais sutil do mundo.
                                                 Mahatma Gandhi


 Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum.
 Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite.
 Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama.
 Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou.
 Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar.
 Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende.
 Enche-te de esperança e vive à sua luz.
 Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar.
 Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo."



 Mahatma Gandhi 




Basta um único homem atingir a plenitude do amor para neutralizar o ódio de milhões.
Mahatma Ghandi





 A única revolução possível é dentro de nós
                                                                       O FRACO NUNCA PERDOA.
                                                     O PERDÃO É UMA CARACTERÍSTICA  DO FORTE 

Somos o que pensamos.
Tudo o que somos emerge de nossos pensamentos;
Com nossos pensamentos fazemos o mundo.
Fale ou aja com mente impura
e os problemas te seguirão
assim como a roda segue o boi que puxa a carroça.
Somos o que pensamos.
Tudo o que somos emerge de nossos pensamentos;
Com nossos pensamentos fazemos o mundo.
Fale ou aja com mente pura
e a felicidade te seguirá
como a sombra, invariavelmente.
Gandhi
Gandhi -
 A vaca para os hindus
Para mim, a vaca é o símbolo de todo o mundo infra-humano: ela amplia a solidariedade do homem para além de sua própria espécie - explicara o Mahatma (Gandhi) - Através da vaca, o homem é impelido a perceber sua identidade com tudo o que vive. Os antigos Ríshis escolheram a vaca para esta apoteose, por um motivo óbvio para mim. A vaca na Índia vinha a ser a melhor comparação; ela é que trazia abundância. Não só dava leite, mas tornava possível a agricultura (adubação). A vaca é um poema de compaixão; lê-se piedade esse manso animal. Ela é a segunda mãe de milhões de criaturas. Proteger a vaca significa proteger toda a muda criação de Deus. A súplica dos seres inferiores da criação é tanto mais intensa por não serem eles dotados de fala." 
(Em: Autobiografia de um Yogue, Paramahansa Yogananda)


UM PRESENTE 


Se eu pudesse deixar algum presente para você, deixaria aceso o sentimento de amor aa vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora.

Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais, para que não mais se repetissem.
Deixaria a capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria o respeito aaquilo que eh indispensável; alem do pão, o trabalho, a ação.
E quando tudo mais faltasse, para voce, eu deixaria, se pudesse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a responsabilidade e a força para encontrar a saida.
Mohandas Karamchand Gandhi - 1869-1948, India



                                                               




 A única revolução possível é dentro de nós
                                                                       O FRACO NUNCA PERDOA.
                                                     O PERDÃO É UMA CARACTERÍSTICA  DO FORTE 

Gandhi -
 A vaca para os hindus
Para mim, a vaca é o símbolo de todo o mundo infra-humano: ela amplia a solidariedade do homem para além de sua própria espécie - explicara o Mahatma (Gandhi) - Através da vaca, o homem é impelido a perceber sua identidade com tudo o que vive. Os antigos Ríshis escolheram a vaca para esta apoteose, por um motivo óbvio para mim. A vaca na Índia vinha a ser a melhor comparação; ela é que trazia abundância. Não só dava leite, mas tornava possível a agricultura (adubação). A vaca é um poema de compaixão; lê-se piedade esse manso animal. Ela é a segunda mãe de milhões de criaturas. Proteger a vaca significa proteger toda a muda criação de Deus. A súplica dos seres inferiores da criação é tanto mais intensa por não serem eles dotados de fala." 
(Em: Autobiografia de um Yogue, Paramahansa Yogananda)

                                                            
Ajuda-me a dizer a palavra da verdade na cara dos fortes, e a não mentir para obter aplauso dos débeis.
Se não me dás dinheiro, não tires a minha felicidade; e se não me dás forças, não tires o meu raciocínio.
Se não me dás êxito, não tires a minha humildade; se não me dás dignidade não me tires a dignidade.
Ajude-me a conhecer outra face da realidade e não me deixes acusar meus adversários, apodando-os de traidores, porque não compartilham o meu critério.
Ensina-me a amar ps outros como amo a mim mesmo, e a julgar-me como faço com os outros.
Não me deixes embriagar com o êxito quando o consigo; nem a desesperar se fracasso.
Sobretudo, faz-me sempre recordar que o fracasso é a prova que antecede o êxito.
Ensina-me que a tolerância é o mais alto grau da força e que o desejo de vingança é a primeira manifestação da debilidade.
Se me despojas de dinheiro, deixa-me a esperança,
Se me despojas do êxito, deixa-me a força de vontade para poder vencer o fracasso.
Se me despojas da saúde, deixa-me a graça da fé.
Se causar dor a alguém, dê-me a força da desculpa e se alguém me causar dano, dá-me a força do perdão e da clemência.
MEU DEUS...SE EU ME ESQUECER DE TI,
TU NÃO ESQUEÇAS DE MIM.

Mahatma Gandhi


O homem é um ser falível; nunca pode ter certeza dos seus passos.

 Nem eu me arvoro em guia infalível nem me arrogo inspiração. 
Para ser guia infalível devia o homem ter coração perfeitamente inocente, incapaz de fazer o mal. Eu, por mim, não estou neste caso.


Através de todas as tributações, tenho experimentado Deus como salvador.
 Sei que a frase "Deus me salvou" tem hoje um sentido mais profundo para mim.
 E, contudo, sinto não ter ainda compreendido a significação integral; somente uma experiência mais profunda poderá ajudar-me a alcançar uma compreensão mais completa.


Adoração ou. oração não consistem em palavreado verbal.
 Surgem das profundezas do coração; "quando estamos vazios de tudo, menos do amor"; quando mantemos em perfeita harmonia todas as cordas "a sua música passa a ser vibração para além do alcance".
 A oração não necessita de palavras.




Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum. 

Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite.

 Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama. 

Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou. 

Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar. 

Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende.

 Enche-te de esperança e vive à sua luz.

 Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar. 

Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo." 

 Mahatma Gandhi 

“O Amor (Ahimsâ) e a Verdade (Satya)”, os dois grandes pilares da doutrina gandhiana, estão expressos nessa seleção de frases do “Apóstolo da Não-Violência”,





Amor (Ahimsâ)

“A não-violência completa é a ausência completa de maus desejos com relação a tudo que vive. A não-violência, sob forma ativa, é a boa vontade para tudo o que vive. A não-violência sob forma ativa, é a boa vontade para tudo o que é vivo. É o amor perfeito.”

“A não-violência é a lei de nossa espécie assim como a violência é a lei do animal. O espírito no animal está em estado latente e ele não conhece outra lei senão a da força física. A dignidade do homem exige que ele obedeça a uma lei mais alta, à força do espírito.”

“O amor é a força mais poderosa que possui o mundo e, entretanto, ela é a mais humilde que se possa imaginar.”

“O amor tornar-se-ia veneno se não limitássemos, rigorosamente, pelas considerações morais.”

“Para adquirir uma força real, a não-violência deve começar com o espírito. A não-violência que abarca tão-somente o corpo e na qual o espírito não colabora, é a da fraqueza e covardia; não podemos tirar dela nenhum poder. Se mantivermos em nosso coração o ódio e a malícia, não deixando transparecer a nós mesmos que nisto há vingança, isto nos subjugará, e nos conduzirá a nossa perda. Pois a abstenção de toda a violência, unicamente física, não é nociva, mas é preciso não ter pensamentos de ódio mesmo se não pudermos desenvolver em nós o amor ativo. Todos os cantos, todos os discursos que possuem o ódio devem ser colocados num “índex”.

“O coração mais endurecido e a ignorância mais grosseira desaparecem diante do sol do sofrimento paciente e sem maldade.”

“Oponho-me à violência, pois quando ela parece produzir o bem, tal bem não tem senão resultado transitório, enquanto que o mal produzido é permanente.”





Verdade (Satya)


“O erro não se torna verdade, pois se propaga e se multiplica; a verdade não se torna erro porque ninguém a conhece.”

“Por sua própria natureza a Verdade tem a evidência em si. Desde que a desembaracemos de todas as teias arraigadas de ignorância, ela brilha com esplendor.”

“O caráter deve ter por base a ação virtuosa e esta repousa na Verdade. A Verdade é a origem e fundamento de tudo o que é bom e grande. Assim, perseguir com intrepidez e sem hesitação o ideal da Verdade e da Justiça é a luz da saúde e de todo o resto.”



A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos."
Mas creio que a não-violência é infinitamente superior à violência, o perdão é mais nobre que a punição. O perdão enobrece um soldado. Mas a abstenção só é perdão quando há o poder para punir; não tem sentido quando pretende proceder de uma criatura desamparada. Um camundongo dificilmente perdoa um gato que o dilacera. Compreendo os sentimentos daqueles que clamam pela punição condigna do General Dyer e outros iguais. Haveriam de esquartejá-lo, se pudessem. Mas não creio que a Índia seja desamparada. Não me considero uma criatura desamparada. Apenas quero usar a força da Índia e a minha própria para um propósito melhor."
Mahatma Gandhi






A não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulA não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete."










"Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral." 






"A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros que exigem o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe."








"Para tornar-se verdadeira força, a não-violência deve nascer do espírito."









"Creio que a não-violência seja infinitamente superior à violência, e que o perdão seja bem mais viril que o castigo..."







"A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim, um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração desse mesmo império."








"O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido."








"Após meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo."ho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete."







"Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral." 








"A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros que exigem o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe."





Pensamentos soltos - Gandhi


"As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?." -

 Mahatma Gandhi





Creio na verdade fundamental de todas as grandes religiões do mundo. Creio que são todas concedidas por Deus e creio que eram necessárias para os povos a quem essas religiões foram reveladas. E creio que se pudéssemos todos ler as escrituras das diferentes fés, sob o ponto de vista de seus respectivos seguidores, haveríamos de descobrir que, no fundo, foram todas a mesma coisa e sempre úteis umas às outras.

Mahatma Gandhi

"Não posso imaginar uma época em que nenhum seja mais rico que o outro. mas imagino uma época em que os ricos terão vergonha de enriquecer à custa dos pobres e os pobres deixarão de invejar os ricos."

Mahatma Gandhi






"P"Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias."










"Sei, por experiência, que a castidade é fácil para quem é senhor de si mesmo." tornar-se verdadeira força, a não-violência deve nascer do espírito."

"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos." 

 Mahatma Gandhi







O amor é a força mais sutil do mundo.
Mahatma Gandhi

"É melhor que fale por nós a nossa vida, que as nossas palavras."
  Mahatma Gandhi


"As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?." -
 Mahatma Gandhi



"As doenças são os resultados não só dos nossos atos, mas também dos nossos pensamentos."

 Mahatma Gandhi       

Ao nos depararmos com a palavra "saúde", logo nos vem à mente aquele estado de equilíbrio físico e mental que se contrapõe à condição enfermiça, patológica, desvitalizada. A saúde seria, assim, a antítese da doença; representaria a condição harmônica e integrada, de um ser.

Mas aí, desde logo, cabe a pergunta: de que ser estamos falando?

Somente cada ser individualizado é passível de gozar da saúde ou padecer da doença? Ou o corpo social, enquanto grande ser, também teria estes atributos?

Qualquer um de nós, caso se dê ao trabalho de olhar à sua volta, há de concluir pela segunda hipótese. Desde o nosso primeiro choro até o nosso último suspiro, intercambiamos informações, atividades, emoções, sentimentos, silêncios, risos, choros, pesares e desfrutes com o mundo à nossa volta. E também fazemos chegar ao mundo as nossas omissões, que repercutem, decisivamente, na teia social, como instrumento de manutenção de um “status quo” injusto e, por extensão, violento.

Somos, a um só tempo, mestres e alunos no devir universal, e isto nos torna, de modo inafastável, responsáveis pelo nosso próximo, pela comunidade que nos alberga, pela grande família humana e também pela Natureza, com a qual temos laços indissolúveis.

Portanto, parece inevitável inferir, deste quadro, que não seremos verdadeiramente sãos enquanto, ao nosso lado, se fizerem presentes e atuantes a dor, a violência e o sofrimento, derivados da injustiça. Daí o atualíssimo exemplo de Gandhi: a ação corajosa no amor e pelo amor, preocupada não como a auto-salvação, mas com a salvação de todos.

É interessante observar que a raiz etimológica do vocábulo "saúde" é a mesma da palavra "salvação", a saber: “salutem, salvus”.

Desta forma, ser são é salvar-se; mas não há como se salvar, realmente, sem empreender esforços para a salvação do corpo social que nos abraça. Isto porque, estando, este macro-corpo, enfermo, tal abraço será de morte, não de vida.

Esta salvação, em grande escala, passa pela problemática da justiça, visto que a harmonia social é a expressão do justo. E perpassa, também, o problema da violência, já que, para Gandhi, esta é "qualquer coisa que possa impedir a auto-realização individual, não apenas atrasando o progresso de uma pessoa, mas também a mantendo estagnada. Sob essa perspectiva a violência é violenta porque leva ao retrocesso".

Atraso, estagnação, retrocesso, obstaculização do processo individual como expressões da violência. Vejamos o que dados empíricos acerca de nossa saúde social nos revelam a respeito dela e, após, realizemos um cotejo entre estes números e o pensamento gandhiano:

. O Brasil é o oitavo país em desigualdade social, na frente apenas da latino-americana Guatemala e dos africanos Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia, segundo o coeficiente Gini, internacionalmente utilizado para medir a concentração de renda (Folha Online, 07/09/2005);

. Em uma hora, 1,2 mil crianças morrem, por falta de condições materiais, no mundo, o que equivale a três tsunamis por mês (Folha Online, 7/9/2005);

. O globo tem 2,1 bilhões de excluídos sociais. Esta população de excluídos vive em 60 países, que embora concentrem 35,5% da população mundial, detêm, tão somente, 11,1% de toda a riqueza produzida no mundo. Do lado oposto, 871,7 milhões de pessoas, isto é, 14,4% da população global possui 52,1% do PIB mundial, estimado em US$ 45 trilhões (livro "A exclusão no mundo", lançado na 11ª Unctad - Conferência das Nações sobre Comércio e Desenvolvimento);

. Segundo relatório do observador da ONU acerca do Direito à Alimentação, Jean Ziegler, há uma guerra de classes no Brasil, já que, para a ONU, 15 mil mortos por ano são um indicador de guerra, enquanto que, em nosso país, há cerca de 40 mil assassinatos por ano (Folha Online, 18/03/2002);

. O Brasil mantém uma "armadilha da desigualdade", segundo o BIRD (Banco Mundial), isto é, mantém elementos vitais para a perpetuação deste estado de coisas iníquo (Folha Online, 21/09/2005);

. Os conflitos armados, ocorridos no século XX, exterminaram três vezes mais pessoas do que no resto da história humana, totalizando cerca de 111 milhões de mortos.

Este é, pois, o nosso grande corpo social, infectado por diversas moléstias, capitaneadas pelo flagelo maior, o egoísmo, secundado por sua irmã-gêmea, a indiferença. A violência, assim, se consuma, na visão de Gandhi, não apenas pelo ato fisicamente hostil, mas, também, através de qualquer ação ou omissão que impeça a emergência e a consumação das potencialidades tendentes à auto-realização de alguém.

Por este viés e, tendo em vista os dados antes mencionados, a constatação é uma só: vivemos, inequivocamente, em um contexto violento. A violência, que teima em esgarçar o nosso tecido social, se materializa não somente através de tiros de revólver e golpes de faca, mas, sobretudo, pela pressão nefasta que realiza sobre cada um de nós, impedindo-nos de ser, o que podemos ser, ou em concretizar o que, em potência, já somos. E, ao fazer isso, na melhor das hipóteses nos mantém estagnados; na pior, nos faz regredir. A violência nos contém tal qual uma poça, não deixando que a água flua e encontre o Oceano da plenitude e da bem-aventurança. Aprisionada, a água se torna fétida e se conforma em habitar o pântano de nossas dúvidas que, em um perverso processo de retroalimentação, retira de nós o ânimo para agir e modificar as nossas relações e o nosso entorno. A exclusão é o modus operandi da violência no seio social; a violência, por seu turno, é a arquiteta e a força-motriz da exclusão. Uma sociedade que dificulta ou impede a auto-realização dos seus integrantes é, pois, excludente, e, por conseguinte, violenta.

Mas que assim não seja. Tenhamos a imensa coragem dos não violentos, rejeitando, de igual modo, a violência dos violentos e a omissão dos acomodados. De fato, segundo Gandhi, o melhor comportamento numa luta é a não-violência dos bravos, que sobrepuja, qualitativamente, a violência dos bravos e, obviamente, a não violência covarde.

Cultivemos, para mudar o nosso enfermiço corpo social, o maior dos poderes, que, para o Mahatma, é o poder sobre si mesmo, aquilo que pode tornar alguém imune aos que tentam exercer o poder sobre outras pessoas. E, de posse desse poder sobre si mesmo, é necessário agir aqui e agora, enfatizando a consciência e a organização em prol de uma causa justa.

Deve servir de exemplo, para todos nós, o empenho de Gandhi em favor do sarvodaya, vale dizer, a forma social na qual a melhoria do macro-corpo é alcançada, via satyagraha, com a participação de todos.

O satyagraha, que, ao lado do ahimsa - ou não violência - integra a base do pensar e do agir gandhianos, tem sido entendido como "apego incondicional à verdade". Isto porque, quanto à etimologia, o vocábulo deriva de duas palavras sânscritas, quais sejam: sat = verdade, mas, também, ser, e agraha = firmeza.

Em tempos de fundamentalismo, poder-se-ia perguntar: Mas que verdade é esta? E se eu tenho a minha verdade e o outro a dele, não haverá conflito?

Em primeiro lugar, é importante assinalar que, para Gandhi, a palavra "verdade" diz respeito a algo maior do que ditas "verdades" parciais: a verdade é a razão única da existência, pois a verdade é Deus. A verdade não é um mero atributo de Deus; Ele - Deus - é (sat) a verdade. Ora, se sat designa tanto ser, quanto verdade, e se a Verdade é Deus, tem-se que quanto mais verdadeiros somos, mais próximos estamos de Deus. Nas palavras literais do Mahatma "nós somos apenas na medida em que somos verdadeiros".

Deste modo, estar firme na Verdade é estar firme em Deus.

E o conflito, será possível e conveniente extirpá-lo da existência humana?

Cabe, a esta altura, distinguir, o mais claramente possível, conflito, de violência. O conflito tem origem em um mecanismo de sobrevivência presente em todos os seres vivos, uma assertividade em busca da segurança e do impulso para o desenvolvimento. No exercício dessa assertividade, rotineiramente podem surgir desavenças e disputas entre os antagonistas.

Entretanto, não há nenhuma relação necessária, de causa e efeito, entre o conflito e a violência; inexiste uma pulsão biológica que transmude, invariavelmente, o conflito em violência. Esta - a violência - não é um comportamento natural no mundo dos organismos vivos, a não ser como patologia. O conflito, por sua vez, nada tem a ver com matar pessoas por ganância, excluir populações para manter ou aumentar posses ou domínios, negar a alguém condições para que tal pessoa realize as suas potencialidades. O conflito nos oferece a oportunidade de reestruturar a ordem social para a construção de uma sociedade mais humana, sendo, na visão de Gandhi, uma verdadeira dádiva, uma rica oportunidade em potencial para o benefício de todos.

E por que assim é?

Porque, se duas pessoas estão em conflito, isto significa que elas estão em relação e uma relação conflituosa é melhor do que nenhuma relação. De fato, se estão em conflito, têm, elas, algo em comum, um laço, uma ligação, de modo que a incompatibilidade que as une é problema de ambas, não de apenas uma delas. Ora, um problema é um convite à solução e, desta forma, os antagonistas deverão lutar contra o antagonismo, não um contra o outro. Se conseguirem crescer com o conflito, reativarão a unidade fundamental - a condição humana - que os une. De fato, no satyagraha corretamente executado, só há vencedores.

Com efeito, o mal, para Gandhi, está na estrutura, não na pessoa que desempenha o seu papel. E qualquer um que, depois de ter tomado consciência da situação injusta, continuar desempenhando um papel na estrutura violenta, cooperando com ela, estará exercendo a violência, pois sua postura estará propiciando a manutenção desta mesma estrutura geradora de exclusão e sofrimento. Não agir contra esta estrutura também é danoso. Deve-se agir contra a injustiça e a violência, uma vez que sempre há violência estrutural a eliminar e violência direta a prevenir; à luz desta constatação, a passividade é imoral.

Mas, então, segundo Gandhi, como agir, nos conflitos, para não compactuar com uma estrutura iníqua e violenta?

Aja, aqui e agora, estabelecendo, com clareza, metas compatíveis. Veja o conflito como uma oportunidade para transformar a si mesmo e a sociedade. Aja não violentamente, cuidando de não ferir ou causar prejuízo ao seu antagonista, isto é, preserve-o. Não coopere com estruturas geradoras de exclusão social e não se omita diante de um “status quo” injusto. Esteja disposto a sacrificar-se, buscando sempre a transformação humana de si mesmo, de seu oponente e da sociedade. Veja-se como falível e seja generoso na visão do seu antagonista, jamais o coagindo, mas tentando convencê-lo, pela conversão, a abraçar a causa da justiça e da Verdade.

Por fim, que lugar deverão ocupar, neste contexto, as nossas práticas espirituais?

Em Gandhi, duas coisas coincidem: o automelhoramento (alguma espécie de poder sobre si mesmo) e um novo tipo de poder político, lastreado na autoconfiança e na descentralização. A autopurificação liga-se ao autocontrole, que, por sua vez, leva à auto-realização. Uma pessoa que exerça o autodomínio tem a energia mental necessária para, fazendo uso da persuasão, trabalhar eficazmente pelo alcance de uma sociedade melhor, na qual não haja exploração. E mais: se um só homem chegasse à plenitude do Amor, ele neutralizaria o ódio de milhões, já que, segundo Gandhi, o menor gesto de amor é mais forte que o maior gesto de ódio.

O mergulho em nosso íntimo, no mais sacro recanto do nosso ser, que nos é propiciado pelas diversas técnicas de aquietação e de alquimia interior, que as tradições legaram ao mundo, não deve nos remeter a um gozo egoístico de uma suposta bem-aventurança ególatra, mas, ao contrário, nos robustecer para que possamos agir mais valiosamente em nosso meio, visando, sempre, a superação de estruturas sociais injustas e a melhoria de todo o macro-corpo que nos envolve.

Certa vez alguém perguntou a Gandhi por que ele não se retirava para uma caverna, ao que ele respondeu: "Eu trago esta caverna dentro de mim".

Possamos nós, também, sempre ter um porto seguro no coração, a partir do qual nos lancemos, amorosa e sabiamente, ao coração do outro. Estaremos, então – nosso oponente e nós, nosso irmão e nós - construindo o Ramaraj, o Reino de Deus na Terra, aqui e agora.
II Fórum de Saúde Social, 24ª Semana Gandhi, Auditório da FAU - USP, São Paulo,

Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum. 

Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite.

 Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama. 

Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou. 

Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar. 

Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende.

 Enche-te de esperança e vive à sua luz.

 Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar. 

Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo." 

 Mahatma Gandhi 







"Creio que a não-violência seja infinitamente superior à violência, e que o perdão seja bem mais viril que o castigo..."






A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim, um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração desse mesmo império."







"O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido."






"Após meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo."



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