Rainhas e Reis


De que vale estar ricamente vestido
Se alguém se comporta como um fraudador diante do divino?
A louça pintada fingindo ser ouro reluz como chumbo
Quando a luz nela bate.

Não construa um barco pensando unicamente
Em dele tirar proveito;
Peça o preço da passagem ao rico
E faça passar gratuitamente o pobre.

Não dissocie o coração de sua língua,
E assim todos os seus feitos chegarão a bom termo.
Mantenha a firmeza no coração. Fortaleça-o.
Não conduza o navio com sua língua.
Embora a língua do homem possa tornar-se o leme do barco,
É o Senhor da totalidade que deve ser seu piloto.

Amenemope
Faraó Egípcio



Navegando num magnífico navio, a Rainha de Sabá estava a caminho da Terra de Israel, em visita ao Rei Salomão – o mais sábio de todos os homens.

De repente, ela prendeu a respiração, pois uma visão de insuperável esplendor atraiu seu olhar. Ao longe, viu uma estrela deslumbrante surgindo das espumas do mar. À medida que se aproximava, a estrela emergente parecia ir se transformando numa linda flor, faiscando com o brilho de muitos matizes e cores.

"Não pode ser outro senão o famoso Palácio de Cristal," exclamou a Rainha de Sabá. Ansiava por ver esta deslumbrante obra.

"Apressem-se!" ordenou, impaciente, aos remadores.

Finalmente o navio ancorou junto à praia de uma pequena ilha. Lá a Rainha de Sabá e seu séquito foram saudados por uma hoste de arautos e oficiais, que se postavam dos dois lados da alameda que levava ao palácio. Entre eles destacava-se um homem , cujas vestes reais, porte e maneira, superavam todos os outros em beleza e nobreza.

"Ora veja, descobri o Rei Salomão," pensou ela, enquanto se ajoelhava graciosamente diante do nobre varão.

"Por que te ajoelhas, Ó Rainha?" perguntou ele.

"Pois não és tu o grande Rei Salomão?"

"Não, Majestade; sou apenas um de seus oficiais aqui enviado para dar-te as boas-vindas às nossas pacíficas praias. E agora, sobe na carruagem real, minha Rainha e eu te levarei ao Rei.
"Oh," pensou a Rainha de Sabá, "se um simples servo de Salomão é tão nobre assim, o rei deve ser verdadeiramente divino!"

As portas da sala do trono foram escancaradas, Na soleira permaneceu petrificada a Rainha de Sabá, totalmente maravilhada! Estava num palácio feito do mais puro cristal. A luz do sol se infiltrava nas transparentes paredes que a difundiam em mil brlhantes matizes. Cada jóia na coroa, no trono e no cetro reais atraia a luz como um imã e a refletia em empolgante esplendor. Ao longe, podia-se vislumbrar o mar azul que, através das paredes translúcidas, dava a impressão de que o palácio estava construído sobre as suas ondas.

Finalmente a Rainha de Sabá encontrou palavras para expressar a sua admiração:

"Se eu não estivesse neste salão contigo, pensaria que teu trono se erguia sobre as próprias águas do mar."

Então ela avançou lentamente através da grande sala real para receber a saudação e a bênção do Rei Salomão. Após a troca de cumprimentos a Rainha tomou assento num lugar de honra junto ao trono e dirigiu as seguintes palavras ao Rei:

"Tu grangeaste amplo renome por tua sabedoria. Deixa que te proponha algumas adivinhações para ver se de fato és tão sábio como todo mundo afirma.

"Podes perguntar, minha Rainha," disse o Rei Salomão.

A Rainha de Sabá colocou o primeiro enigma:

"Dize-me, sábio Rei Salomão, 
Que águas são essas, que não 
Nascem da pedra, chão ou monte. 
E embora venham da mesma fonte, 
Ora amargas, ora doces são?"

O Rei Salomão ficou pensativo por um momento e então respondeu: 

"As lágrimas não vêm do chão, 
E é doce o pranto da emoção
Feliz. Amargo é o pranto, 
Da dor, tristeza e desencanto."
A rainha sorriu diante da rápida resposta e logo lhe propôs outro:

"A minha mãe me deu um dia
Presentes dois – que alegria!
Um veio do alto mar infindo,
Guardado num estojo lindo.
O outro veio das entranhas
Escuras, fundas, das montanhas."

A resposta de Salomão veio quase sem qualquer hesitação:

"Finas pérolas, brilho irisado,
Ricos anéis, ouro lavrado.
Beleza pura e poder do ouro.

Rainha, adivinhei o teu tesouro?"

A pergunta era desnecessária, já que o Rei Salomão sabia que havia acertado a resposta do enigma. A Rainha de Sabá concordou sorridente e apresentou o terceiro:

"Rei, muito sábio, tu podes dizer:
Quem, sepultado vivo, no fundo
Da terra, longe do sol e do mundo
Morre – e no entanto, torna a viver?"

A sabedoria de Salomão não falhou também desta vez, quando respondeu:

"A sementinha sepulta no chão
Faz nascer a espiga, o dourado grão.
E aquele que ali a enterrou
Colheu boa safra e se regalou."

A Rainha de Sabá prosseguiu:

"O que é que gira alegre no ar:
Caindo do céu no chão, sua pureza
Se vai e morre toda a beleza?"

O Rei Salomão respondeu:

"A neve, caindo do céu distante,
Desce à terra, leve e dançante.
O homem pisa na sua brancura.
E acaba com a sua beleza pura."

A Rainha de Sabá não resisitiu à vontade de fazer mais uma pergunta:

"Dize-me, Rei e responde-me logo:
Dádiva da natureza ao fogo,
Que rios ocultos sob terra e monte,
O homem bendiz; e bendiz sua fonte?"

O Rei então respondeu:

"Dum solo da mais rica natureza,
Brota, faiscante, da profundeza,
Óleo precioso, que então alimenta
O fogo que ao mundo ilumina e esquenta."

A Rainha de Sabá estava maravilhada com a sabedoria do Rei Salomão e as suas perspicazes respostas. Pensou bastante numa maneira de espantá-lo e finalmente disse aos seus servidores:
"Vamos pegar os meninos e meninas que trouxe comigo e os vestiremos com roupas extamente iguais. Então veremos se o Rei será capaz de distinguí-los uns dos outros."

Dito e feito. A Rainha trouxe um grande grupo de crianças diante do Rei Salomão. Estavam todas vestidas exatamente iguais. Era impossível distinguir os meninos das meninas só pelo olhar. O Rei Salomão deveria inventar uma maneira de separá-los.

Examinou pensativo as crianças paradas à sua frente. Súbito, chamou seus servos e mandou que trouxessem baldes com água e os colocassem diante de cada criança.
"Agora, queridas crianças, só o que precisam fazer é lavar suas mãos com a água que mandei colocar à sua frente."

Mas o Rei Salomão avisara seus servos para não fornecer toalhas a elas.

O Rei observava as crianças enquanto cumpriam sua ordem. Quando terminaram de lavar as mãos, olharam em volta mas não viram as toalhas. Algumas criancas começaram a secar as mãos nos seus aventais.

O Rei Salomão pensou: "Essas são meninas, porque elas estão acostumadas a enxugar as mãos nos aventais; mas os outros, parados sem jeito, com a água pingando das mãos, certamente são os meninos!"

Então o Rei mandou todos os meninos ficarem de um lado do seu trono, e as meninas do outro lado e disse à Rainha de Sabá:

"Aqui à minha direita estão os meninos e à esquerda, as meninas."

A Rainha de Sabá não podia conter sua admiração pela sabedoria do Rei Salomão. Dirigindo-se aos seus astrólogos e conselheiros, exclamou:

"Estou tão feliz de ter feito esta longa viagem para ver o Rei Salomão, pois ele é na verdade o mais sábio de todos os homens!"

E então a Rainha de Sabá desceu de sua cadeira e curvou-se ajoelhada diante do trono do Rei.

"Tu és abençoado por D’u, pois nenhum mortal jamais andou sobre a terra com tal sabedoria como a tua," disse a Rainha reverentemente.

"Levanta-te, minha Rainha," disse o Rei. "Vamos à recepção que preparei em tua honra."

No suntuoso salão de banquetes estavam reunidos os ministros de Estado e os homens sábios do Sanhedrin que o Rei havia convidado para o festim.

Quando a rainha de Sabá entrou, viu o magnífico salão de refeições, as mesas faiscando de ouro e prata, carregadas de finos manjares, as vestes suntuosas que envergavam o Rei e seus cortezões e os nobres e veneráveis semblantes de todos os presentes, ficou cheia de espanto e admiração pelo esplendor da corte do Rei Salomão. Nos seus sonhos mais arrojados ela não imaginara nem metade do esplendor e da sabedoria que veio a conhecer.

"Bendito seja o Deus de Israel!" exclamou a Rainha de Sabá.






A rainha Esther é uma das sete profetizas do povo judeu e sua história é contada no Livro de Esther- popularmente chamado de "Meguila" - lido em Purim em todas as sinagogas . A história de Esther se passa durante o reinado de Assuero, rei da Pérsia, que, segundo Rashi, era Xerex , sucessor do rei Ciro e que governou o Império Persa durante os 70 anos de exílio do povo judeu.


O Livro de Esther conta que o rei Assuero costumava comemorar anualmente a data de sua ascensão ao trono com um suntuoso banquete no qual reunia em seu palácio todos seus súditos : ministros, servos, nobres, militares dos exércitos da Pérsia e da Média. A tradição conta que o palácio era tão grande, que abrigava milhares de convidados com seus servos e empregados. Nenhum convidado bebia duas vezes na mesma taça .O vinho servido tinha sempre um ano a mais que o convidado a quem era destinado e era produzido por vinhedos de seu próprio país. No terceiro ano de seu reinado, mensageiros - falando as 70 línguas conhecidas na época- foram enviados por todo o reino para convidar para mais uma festa que costumava durar 180 dias .


Num deste dia após uma discussão entre os persas e medos, sobre qual dos dois povos teria as mais belas mulheres, Assuero quis mostrar aos convidados que sua mulher, a rainha Vashti, originária da Caldéia, era a mais bela entre todas as mulheres. Mandou, então, buscá-la e para mostrar sua lendária beleza, pediu, publicamente, que viesse completamente nua, usando somente a coroa real. Mas, Vashti se recusou a comparecer da forma pedida suscitando a ira do rei. Assuero, então, consultou seus ministros sobre o que fazer com a rainha.

Estes afirmaram que a rainha Vashti não só se rebelou e ofendeu o rei, mas também aos príncipes presentes à comemoração. O rei não poderia deixá-la impune, pois se o fato se tornasse do conhecimento das outras mulheres elas poderiam seguir o exemplo e desobedecer aos maridos. O rei, então, repudia Vashti e manda executá-la, incumbindo seus ministros de encontrar candidatas de igual beleza para sucedê-la.

Os ministros mandaram trazer de todas as partes do reino, mesmo dos lugares mais distantes, todas as mulheres jovens e bonitas, não importando se eram casadas ou solteiras. Os delegados reais de cada região reuniam-nas, às vezes, contra própria vontade e o rei mandava buscá-las e levá-las ao palácio real.

Em Shushan, a capital do Império Persa, havia um judeu da tribo de Benjamim que se chamava Mordechai, que acolhera em sua casa sua sobrinha Hadassa, após a morte dos pais.

Hadassa que passou para nossa historia pelo nome de Esther era uma linda moça a quem Mordechai criara como se fosse sua própria filha.

Alguns sábios acreditam que o nome Esther foi acrescentado mais tarde e significa "a escondida" ou "aquela que esconde", pois ela ocultou sua religião perante o rei, seu marido, durante muito tempo.

Eu respiro o doce sopro,
Que sai da tua boca;
Eu vejo tua beleza, todo o dia;
É meu desejo ouvir a tua doce voz,
Semelhante ao vento do norte;
De sentir meus membros revigorados,
Pela tua vida e pelo teu amor.
Dá-me tuas mãos,
Que seguram teu espírito,
Que eu possa receber,
E viver por meio dele.
Chama meu nome à Eternidade,
E ele não perecerá jamais.”

Akhenaton


Eu respiro o doce sopro,

Que sai da tua boca;

Eu vejo tua beleza, todo o dia;

É meu desejo ouvir a tua doce voz,

Semelhante ao vento do norte;

De sentir meus membros revigorados,

Pela tua vida e pelo teu amor.

Dá-me tuas mãos,
Que seguram teu espírito,
Que eu possa receber,
E viver por meio dele.
Chama meu nome à Eternidade,
E ele não perecerá jamais.”

Akhenaton  





Akhenaton - Um Marco na História da Humanidade
 se recusava a tomar atitudes de guerra, acreditando poder conquistar seus inimigos com o poder do amor de Aton.


"Akhenaton era um homem inebriado de divindade, cujo espírito respondia com uma sensibilidade e inteligência excepcionais, as manifestações de Deus em si. Um espírito que teve força de disseminar idéias que ultrapassavam o âmbito da compreensão de sua época e dos tempos futuros"



O fim dramático da aventura amarniana é devido a circunstâncias políticas e históricas que não diminuem em nada o valor do ensinamento de Akhenaton. Se é inegável que o fundador da cidade do sol, a cidade da energia criadora, entrou em conflito com os homens que ele queria unir pelo amor de Deus, não é menos verdade que ele abriu uma nova concepção sobre esta luz que a cada instante se oferece aos homens de boa vontade.
Sua experiência foi uma tentativa sincera de perceber a Eterna Sabedoria e de torná-la perceptível a todos. A coragem que demonstrou na luta constante por seus ideais, sem dúvida, fez dele um marco eterno na história da humanidade.
A história de Akhenaton mostra, mais uma vez, que um homem melhor faz um meio melhor, e que a força de sua convicção em seu objetivo altera a vida do meio, seja ele uma rua, um bairro, uma cidade, um país.... o Universo. Para isto, há de se ter Coragem!




(PRECE DE AKHENATON AO DEUS UNIVERSAL) (XVIII Dinastia Egípcia - 1365 A.C.)
" - Ó Criador de Toda a Vida, que apareces na Perfeição da Tua Beleza,

Quão múltiplas são as Tuas obras,

Ó Deus Único, Senhor de toda a Eternidade!

Do Teu Espírito emanam todas as criaturas!

Só o Teu Amor, a Tua Bondade, governam todas as coisas.

Na Natureza estão os Teus Pensamentos,

Pois Tu estás na folha da grama,

no grão de areia,

No raio de luz que flutua no céu,

Assim como no Todo sem fronteiras!

- Ó Tu que vives eternamente:

Aspiro novamente o doce aroma que vem da Tua boca;

Dia após dia,

O meu coração contempla a Tua Beleza.

Tenho desejo incontidos de novamente ouvir a Tua meiga Voz

e necessito, com todas as forças do meu ser,

que os meus passos sejam guiados pela beleza da Tua Imorredoura Luz!

- Ó Tu que planas acima de todos os firmamentos:

Dá-me as Tuas mãos, que sustentam o teu Espírito

Que eu possa recebê-Lo

e viver somente por intermédio Dele;

Lembrar Teu nome,

Por toda a Eternidade,

Pois Ele não perecerá jamais!



Com o seu lendário carisma, sua beleza venerada e poder, ela é uma das mulheres governantes mais fascinantes do Egito Antigo: Nefertiti.



Nefertiti — por mais de uma década ela foi a mulher mais influente do Egito. Reverenciada pelo seu povo, ela reinou lado a lado de Amenófis IV, governante da 18.ª dinastia do Novo Reino, que mudou seu nome para Akhenaton depois de subir ao trono em 1353 a.C. Entretanto, praticamente nada se sabe sobre a linda rainha. Ela simplesmente desapareceu da história. Isso aconteceu aproximadamennte em 1336 a.C, quando ela devia ter 30 anos de idade.




A beleza de Nefertiti era tal que outros aspectos da sua personalidade foram eclipsados pela sua aparência física. Contudo, a importância política e religiosa dessa rainha se evidencia nas representações de sua imagem.
Casada com Akhenaton, que conferiu-lhe o poder, tinha uma influência tão grande que chegava a ser representada com coroa dupla, símbolo do poder do faraó. Hoje é cultuada como semi-deusa.
 Pouco se sabe do destino da esposa de Akhenaton. Não há registros de sua morte. Nem mesmo a sua tumba — até recentemente não havia sido encontrada.

Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito


Trecho transcrito do livro: Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito.
Autora: Chiang Sing (pseudônimo de Glycia Modesta de Arroxellas Galvão). Ed. do Conhecimento.

Em seus passeios matinais, quando o orvalho ainda brilhava nas folhas e nas flores do jardim real, Nefertiti e Akhnaton, tocados pelo seu idealismo religioso, costumavam iniciar as princesinhas nos segredos da natureza, por meio de histórias singelas de um mundo de maravilhas.

(...)

O rei emergiu lentamente da profundeza de seus pensamentos, e começou a falar:

- Bem longe, lá pelas bandas do Eufrates, perto das terras de Shutarna, rei de Mitani, viviam sete sábios muito velhos na corte de um rei muito bom e muito rico. Um dia, os sábios se reuniram no palácio e o rei contou-lhes que uma estrela maravilhosa lhe aparecera em sonhos, sob a forma de uma donzela, formosa como a primeira névoa da manhã. E ela disse ao rei: “Gostaria de viver entre o seu povo, ó rei, pois amo a sua terra e a sua gente. Pergunte aos sete sábios da corte qual a forma que devo tomar e onde devo surgir para viver tranqüila entre aqueles a quem amo!”

(...)

- Os sábios pensaram um pouco e responderam: “Deixemos que a donzela estrela faça a escolha. Ela será bem-vinda sob qualquer forma e em qualquer lugar onde apareça”. E naquela noite, o rei olhou para o céu tentando distinguir qual daquelas estrelas tinha lhe aparecido em sonhos. Como era impossível saber, ele orou para a donzela estrela e foi dormir. E assim, naquela mesma noite, a estrela desceu do céu e pousou mansamente sobre as águas frias do lago que havia no Palácio Real. Na manhã seguinte, quando o rei acordou e olhou para o lago ficou deslumbrado. Seu coração descompassadamente e seus olhos encheram-se de lágrimas. O ago estava todo florido de lótus brancos, azuis e rosados. Os pássaros cantavam. As borboletas voavam alegres por entre os juncais e o ouro das acácias, mas nenhuma ousava pousar nas flores de lótus, cujas pétalas delicadas lembravam a forma de uma estrela. As raízes dessas flores celestiais estavam fincadas no lodo que havia bem no fundo do lago, mas suas hastes verdes atravessavam o cristal sereno das águas, suas folhas se abriam para o beijo da brisa e suas flores emergiam na superfície para receber a bênção dos raios divinos do Sol, o divino Aton, de quem eram mensageiras.

(...)

Mas logo, levado pela emoção, Akhnaton esqueceu de que estava falando para um público infantil e sua memória evocou as palavras iniciáticas da Casa da Luz:

- A estrela-flor era o emblema dos poderes criadores, da ideação divina do senhor do disco. Representava também o ser humano que, enraizado no lodo de suas paixões, eleva a haste dos seus ideais acima das águas nebulosas do astral e da atmosfera diáfana de sua mente, para abrir a corola de seu coração aos eflúvios da essência divina do Cosmo.

Toda a existência da estrela-flor se desenrolou no fundo das águas, numa espécie de sonolência, até o momento nupcial, em que passou a viver uma nova vida. Então, ela desenvolveu lentamente a larga espiral de seu pistilo, subiu, emergiu das águas e abriu-se na superfície clara do lago. Da margem vizinha, assim que a viu, um lótus-príncipe sentiu-se enamorado, atraído para um novo mundo de sonhos pela mágica sucessão daquela estrela-flor.

O lótus-príncipe foi se aproximando, mas, no meio do caminho, teve de parar porque o talo que sustentava era curto e não lhe permitia chegar até onde resplandecia maravilhosamente a estrela-flor. Seu coração sentiu o drama terrível do desejo inatingível, da fatalidade transparente. Semelhante drama era quase tão insolúvel como o nosso próprio drama sobre a Terra.

Mas eis que de repente surge uma nova e inesperada circunstância. Com um esforço galante, ele rompeu heroicamente o laço que o ligava à vida para voar até as alturas do seu ideal sublime. Cortou sua própria haste, e num incomparável impulso, entre pérolas de alegria, suas pétalas surgiram na superfície das águas... feridas de morte; porém livres e rutilantes, elas flutuam um instante ao lado de sua amorosa esposa.

A união das duas flores se realiza, mas logo após o lótus-príncipe desmaia sobre as águas e morre, enquanto a brisa leva o seu corpo até a margem do lago. A estrela-flor, já fecundada pelo amor do lótus-príncipe, cerra suas pétalas, onde ainda pairavam os amantes eflúvios do lótus-príncipe, enrola seu pistilo e volta a descer até o fundo do lago, para chorar sua mágoa e amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites.

Existem homens que, tal como a estrela-flor, fazem descer os frutos do espírito até o lodo de sua vida inferior. Todo homem, e toda mulher, é uma estrela...

Akhnaton calou-se. Seus olhos sonhadores estavam fixos no horizonte, onde brilhavam os raios divinos do Sol.


 Helena Geren

 

O AMOR DE AKHENATON E NEFERTITI
"É teu este livro, vida de minha vida, alma de minha alma. Faz dele o que quiseres, mas, permite, ó lua, filha da noite mais bela, cujos raios prateiam as águas do Nilo, em cujas margens, sob seu fulgor, amam-se tantos seres como nós, filhos de Aton, o indivisível, o eterno, como eterno será o nosso amor, que te divinize. Amo-te, donzela de pele alva e macia como o melhor dos melhores papiros, e, perdoa este pobre amante, por amar mais Aton que a ti. Vens, logo em seguida, pois, lírio perfumado, Ele te criou e deuma para mim. Sagrado seja Teu nome, pois, entre as que foram criadas, és a melhor escultura, és Dele a obra-prima.
És uma garça, altiva e serena, e és a graça que tive a ventura de ter. Amo-te, não importando a distância que o tempo nos condenou...
Senhora, que é o tempo para tão grande amor? Demos, ao tempo, tempo para, outra vez, nos unir... Não importa onde, ou quando. Fui rei, quero ser o mais humilde dos párias, a teu lado. Não há tempo, nem espaço, sejam quais forem os desvios do destino, eu te espero. Quero-te como sempre quiz e, o meu amor vencerá toda a eternidade, mais duradouro que os monumentos, por nosso povo, erigidos. Amada maior que a maior das pirâmides, crê- és alma de minha alma, és essência de minha essência, pois que procedemos de um outro mundo, onde as moneras ( menor partícula do espírito ), já existiam...Crê , Esfinge, por mim, tens amor decifrado. As almas gêmeas já existiam antes de nós, Akhenaton e Nefertiti viverem. Pouco importa o corpo no qual, agora, teu espirito anime, o nosso amor independe . Por que? porque somos um pedaço do outro e, então, o que me importa o que seja eu e tu? Os nossos espíritos já se conheciam, mercê de Deus . Pouco importa o tempo que estejamos separados, e que nossas almas conheçam outras... nós, nascidas do mesmo tálamo, estaremos juntas um dia.. O meu Deus, O Onipresente, o Incognicível, jamais criaria um espírito só, para animar um só corpo, mas, sim, dois da mesma essência, para que, em sucessões de vidas, conhecessem tudo; os prazeres, as desditas, para, depois, mercê Dele, juntos, proclamem, abraçando-se e beijando-se- viva o nosso Deus, que nos permitiu andar, viajar pela eternidade, trabalhando, ajudando, sofrendo, gritando, para, enfim, nos encontrarmos, e então, alma de minha alma, estaremos juntos, e estaremos em paz. Sorria, pois que em breve estaremos juntos. Ambos resgatamos o mal a que a nós mesmos fizemos. Viva Deus, meu amor, que nos pôs na escola da vida para aprendermos a amá-lo, enaltecendo e valorizando o nosso amor.
Amo-te."

Extraido do livro:Akhenaton, o filho do sol
De Luiz Carlos Carneiro

Cleópatra foi a última Rainha da Dinastia ptolomaica que dominou o Egito após a Grécia ter invadido aquele país. Filha de Ptolomeu XII com sua irmã, ela subiu ao trono egípcio aos 17 anos de idade, após a morte do pai. Contudo, ela teve que dividir o trono com seu irmão, Ptolomeu XIII (com quem casou), e depois, com Ptolomeu XIV.
Cleópatra foi uma das mulheres mais conhecidas da história da humanidade e um dos governantes mais famosos do Antigo Egito, sendo conhecida apenas por Cleópatra, ainda que tivessem existido outras Cleópatras a precedê-la, e que permanecem desconhecidas do grande público.

Nunca foi a detentora única do poder no seu país - de fato co-governou sempre com um homem ao seu lado: primeiramente o seu pai, o seu irmão (com quem casaria mais tarde) e, depois, com o seu filho.

Em todos estes casos, os seus companheiros eram apenas reis titularmente, e, dela era a autoridade de fato.

Segundo conta a lenda, para conquistar César, ela enrolou-se em um tapete, que fez chegar até ele como presente. Quando ela saiu lá de dentro, o romano ficou maravilhado diante de tanta beleza e graça.

Cleópatra era uma mulher extraordinária e pouco comum. Era possuidora de uma beleza deslumbrante, acompanhada de um encanto pessoal e muita sensualidade. Enquanto alguns lhe atribuem inteligência, cultura e poder, também é descrita como uma mulher astuta, ambiciosa, manipuladora e algumas vezes, perversa. Em outras ocasiões apresentava-se como uma mulher fatal, amiga das orgias e liberta para o prazer. Com tantos atributos, Cleópatra era considerada a rainha exótica por excelência, em função de sua origem oriental.



Cleópatra, última rainha do Egito, representa o símbolo da sedução com seus rituais perfumados. Além de conquistar o coração do general romano Marco António, conseguiu dele a promessa de uma aliança com Roma. Ao que parece, ela era muito mais atraente do que propriamente bonita, e sabia, acima de tudo, como perfumar-se. Untava-se com essências aromáticas dos pés à cabeça, criava em torno de si uma aura perfumada e recebia Marco António numa cama repleta de pétalas de rosas.
Seus requintes eram incríveis: ela impregnava de odor de rosas até as velas de seu barco, e viajou ao encontro do amante inteiramente untada de óleos perfumados, como uma deusa em forma humana, deslizando sobre as águas. Em sua célebre visita a Roma, a rainha do Egipto deixou um rastro de rosas por onde passou, e na sua última noite no mundo dos mortais, antes de envenenar-se, banhou-se e perfumou-se da cabeça aos pés com as mais finas fragrâncias. Quando os soldados romanos a encontraram morta em seus aposentos, ainda puderam sentir seu perfume inebriante, feito sob encomenda para seu status real




Rainha-faraó Hatsheput


A rainha-faraó Hatsheput, durante todo seu reinado teve seu direito ao trono posto em dúvida por tratar-se de uma mulher que reclamou para si o papel masculino do Deus Sol.
Hatshepsut é uma personagem extraordinariamente importante,
 pois representa o poder da mulher em uma sociedade totalmente dominada por homens.
Este faraó feminino abandonou a guerra e fez o Egito voltar a atividades pacíficas, tais como a construção de grandes monumentos e manutenção das rotas de comércio com o exterior, 
que tinham sido fechadas durante o domínio dos hicsos.





"Toco o céu,

Minha cabeça atravessa o firmamento,

Roço o ventre das estrelas,
Conheço a alegria celeste,
Danço como as constelações."

(texto da morada da eternidade do príncipe Sarenput, em Assuão – 
sul do Egito – tirado do livro 'Fila e o último templo pagão')




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